MARCOS UCHOA,A EXCELÊNCIA E O AFEGANISTÃO

    O jornalismo tal como conheci e pratiquei agoniza. Sorry pela observação mas ela cabe aqui para fazer um 'mea culpa' . No caso o de não elogiar quem deveria , hábito ruim que praticamos, em nome de criticar a ruindade jornalística reinante. Jornalistas não são exatamente profissionais generosos em elogios aos seus pares. Poucas vezes vi o gesto feito de maneira espontânea, sem interesse. Eu mesmo elogiei muito menos os meus colegas do que deveria .Mas o fiz muitas vezes.
    Agora quero deixar aqui registrado meu agradecimento ( sim,agradecimento) pois no meio das brumas escuras do ego e do vácuo, dos repórteres piegas e dos óbvios surge mais uma vez, salta mais uma vez aos olhos, a excelência do repórter Marcos Uchoa que vindo do jornalismo esportivo (até onde eu saiba) já se tornou faz tempo o melhor repórter brasileiro de televisão. Diria que dos melhores de todos os tempos ao lado do Lucas Mendes antes de ser transformado naquele tiozão comedido que media os inócuos debates do "Manhatan Connection".
     Meu "mea culpa" é duplo. Primeiro porque vejo muito pouco ou quase nunca o telejornalismo brasileiro por motivos óbvios. Só que minha omissão faz com que eu perca pequenas e raras pérolas como a que assisti agora pouco com o Uchoa e o cinegrafista Edu Bernardes percorrendo o interior do Afeganistão numa saga que se pretendia ( e foi ) turística como você pode assistir clicando aqui, um "passeio" pela região de Band-e Amir. Como sempre uma bela matéria, com belas imagens e texto impecável que fica entre a informalidade serena e a informação segura. Nada em Uchoa é excessivo. Seu off é preciso, suas passagens acrescentam dados e não são volteios para ele lustrar a estampa.  Uchoa pode não ser bonito mas faz o mais belo jornalismo televisivo possível dentro do padrão Globo. Fico inclusive imaginando como seriam incríveis certas reportagens feitas pela ótica dele ao contrário de alguns outros que mais se importam com a própria imagem do que com fatos ou dados.
     Mas prometi não criticar ninguém. Faço "mea culpa" e faço elogios. A matéria do Uchoa na edição de hoje do JN me deu vontade de pela primeira vez na vida entrar no site deles para ver se tinha mais. Por sorte tinha pois o repórter vem fazendo uma série no Afeganistão por conta dos dez anos do 11 de setembro. Para meu contentamento foi ao ar uma reportagem na edição de ontem que é uma verdadeira pequena aula sobre a situação geopolítica do país e da capital Cabul. Pela primeira vez vi Cabul por dentro. Com Uchoa a gente aprende e quem duvida é só assistir . Clique aqui.  Se o fim do mundo está próximo prefiro que ele seja contado por repórteres como o Uchoa. Pelo menos a gente tem a impressão de que não está sendo enganado.      

Comentários

Arilo disse…
Concordo. Outro dia pensava sobre isso: Jornalistas têm grande dificuldade em reconhecer o talento dos seus pares. Não sei exatamente o porquê. Talvez seja sintomático do egocentrismo quase geral que impera na profissão. Mas diante de um mar de mediocridade, penso que, cada vez mais, temos que expressar nosso apoio ao talento. No meu caso, um iniciante recém-formado, mais que apoio, minha gratidão por muitos jornalistas inspiradores. Uchoa, sem dúvida é um desses caras, para lembrar outros da globo, diria o Geneton Moraes é o Hamilton Ribeiro...
Puxa! Gostei muito, agradecida pela indicação. Vou até... não, Rede Globo, mesmo com honrosa exceção, não. Sigo por aqui...

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