o inefável banco de discursos da Câmara

    
     Passou batido por milhões de brasileiros a criação do mais novo serviço de inutilidade pública do país promovido, of course, pela Câmara dos Deputados , essa impoluta instituição de homens probos de Brasília. Trata-se do "Banco de Discursos da Casa" lançado com pompa e circunstância no dia 28 de setembro mas não notado por ninguém. Tomei conhecimento dessa inutilidade ontem ouvindo a inútil "Voz do Brasil" preso num dos eternos congestionamentos de São Paulo.
     Como pode ver o nobre leitor   (clique aqui)  o "banco de discursos" reúne cerca de  800 mil pronunciamentos realizados no Plenário Ulysses Guimarães e onze mil debates promovidos pelas diferentes comissões. O novo serviço disponibiliza todos os discursos realizados no plenário da Câmara desde 1946 e as íntegras dos debates ocorridos nas comissões a partir de 1999. Como se vê um verdadeiro memorial da estupidez humana, um desperdício de dinheiro público, uma aberração superlativa dado o nível da maioria absoluta dos nossos deputados. Como teoricamente essa corja é nossa representante ( ou seja o serviço seria para deixar transparente o que esses elementos falam) convido-os a procurarem a esmo um pronunciamento e os desafio a encontrarem algo de consistente. Por curiosidade procurei uma fala de um dos "notáveis" que por ali passaram , o folclórico e repulsivo Severino Cavalcanti que disse numa sessão de setembro de 2005 : 


(PS.detalhe/fui informado que muitas vezes esses discursos sequer são lidos no plenário. São entregues à secretaria da mesa para constar como lidos)

"O SR. PRESIDENTE (Severino Cavalcanti) – Prezados companheiros de Mesa, que hoje na totalidade comparecem a esta sessão, antes de iniciar meu pronunciamento, quero levar a minha palavra de solidariedade ao bravo companheiro Nilton Baiano.
Sei que talvez seja a próxima vítima, mas, Nilton, fique certo de que o Brasil vai estar a seu lado.Lamentavelmente isso aconteceu no dia em que ocupo a tribuna da Presidência da Casa pela última vez neste mandato.Deputado Nilton Baiano, volte para casa tranqüilo. V.Exa. está sendo vítima, como muitos poderão ser, da campanha insidiosa com a qual querem atingir todos os Parlamentares.
        Meus prezados companheiros de representação popular, minhas prezadas Deputadas, minhas senhoras, meus senhores, as palavras de Euclides da Cunha em Os Sertões ecoam ainda nas terras mais longínquas do Nordeste: “O sertanejo é antes de tudo um forte.” Todos nós já ouvimos certamente essa frase ao longo da vida. E diante do que estou vivendo no momento, diante das circunstâncias que me cercam de ameaças, de escárnio, de contestação, de processos sem causa, eu  me recordo de que o sertanejo é antes de tudo um forte e tento me lembrar do que isso queria dizer 
para mim.Pobreza da terra, pobreza do homem."

Bom, como se vê pobreza de terra, pobreza de homem, pobreza de Brasil.

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