A garganta dos garganteiros ligeiros(final)

     Quando muito concedo algum espaço a algumas daquelas chamadas "damas do crime" como Ruth Rendell e P.D.James que eu acho o máximo não por ser uma escritora e sim por ser uma ex-enfermeira e dona de casa com cara de comedora de batatas sauté . Na verdade, verdade mesmo nem gosto mesmo de escritores. São uma raça esquisita, metida a artista mas cheia de manias e rancores.Alguns tem olhos espremidos,acuados, como se alguém os perseguisse  o tempo todo. Outros tem tiques nervosos esquisitos e olham sobre os próprios ombros como se o tempo todo respingasse cocô de pomba sobre eles ou se membranas esquisitas ou escamas fossem nascer no alto dos braços .
     Nunca quis ser escritor e acho até que os desprezo.Estou satisfeito em ser vendedor e um vendedor que engana escritores pois os faço crer que ao comprar o meu produto os escritos adquiram  automaticamente a mesma qualidade do papel. Sou tão bom de lábia que chego a vender por preço extorsivo um papel reciclado e barato. Convenço-os de que é um papel muito chique e raro e que é corretíssimo utilizá-lo por ser biodegradável e preservar o meio-ambiente.Ainda acrescento o detalhe sórdido : de que a matéria prima nele utilizada é toda manipulada por jovens orfãos das palafitas de Manaus recebendo acabamento de doentes mentais de uma colônia penal na ilha de Marajó. Eles não resistem e acreditam que com isso fazem uma boa ação e são úteis ao mundo sobre o qual escrevem.
          Aliás isso é o que mais me incomoda nos escritores. Acham que são vitais ao mundo. Insubstituíveis e só eles mesmo capazes de retratar as agruras e impressões de uma época, uma geração, todo um tempo histórico e datado.Qual nada... já teria por exemplo o Sr. Saramago pensado que se  todas as bibliotecas do mundo se incendiassem e todos os computadores tivessem as memórias deletadas e todos os seus filmes sumissem o mundo seria exatamente o mesmo ? nem pior, nem melhor ? Ou seja, os seus livros, como os de Cervantes, Camões ou Garcia Marquez não alterariam a roda da história, nem o rumo dos acontecimentos.Mas os escritores,desde sempre, se acham vitais e indispensáveis e é isso que me irrita neles.Isso os iguala aos políticos que se consideram a chave da história , o dínamo das mudanças, os arautos das transformações sociais. Pobres e mortais coitados.Muitas vezes são apenas rascunhos.Garganteiros ligeiros.

Comentários

Anônimo disse…
lindo seu texto, pena q vc diz q persuade e mente

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