ROMANCES REMOTOS

Mika Waltari, finlandês, autor de um dos romances remotos
             Talvez eu vos aborreça com esse escrito mas não resisto.Por motivos que aqui não cabem tenho livros espalhados em vários locais.Alguns exemplares herdados das bibliotecas do meu falecido avô materno e tias que por não terem espaço ainda aqui em casa vagam por estantes outras. Recentemente resgatei alguns deles de armários do apartamento de minha tia 0ttilia e percebi,aterrado, que alguns já serviam de alimento para as sempre furtivas traças. Dei pois tratos aos bichos,  trouxe alguns desses livros para casa e tenho me deliciado com eles ao redor da cama e espalhados aleatoriamente antes que eu lhes encontre um abrigo decente. São uma espécie de sem teto de minha casa.
        Mas fiz o preâmbulo pelo seguinte. Não é de hoje que as leis do mercado praticamente nos obrigam a estarmos antenados com as boas novas literárias. 0u seja, para estarmos por dentro é preciso que conheçamos o que está na moda mesmo que isso signifique ler ou prestar atenção em nulidades literárias. Isso nos obriga a condicionar tudo à novidade e nos escapam entre os dedos livros que foram lançados e mal divulgados em anos, meses e décadas passadas. Às vezes nem são grandes livros mas valem a pena serem conhecidos. 
        0 que dizer então de livros que foram lançados há muitos e muitos anos por autores que foram praticamente esquecidos ou são pouquíssimos comentados ? É sobre livros assim, romances remotos, que estou falando. Por acaso estou debruçado na leitura de um deles que se chama "0 Aventureiro" de autoria de Mika Waltari, autor finlandês  festejadíssimo em outros tempos e hoje deletado dos compêndios. É dele por exemplo um tijolo de nome "O Egípcio" que chegou até a virar filme de Hollywood. 
      Waltari é só mais um a exemplificar essa estranha galeria dos autores de romances remotos esquecidos. Galeria que deveria ser lembrada por muitos autores de hoje tão vaidosos de si mesmos. Aqui do meu lado estão vários exemplares dessa galeria. Publicações de 1950,1951,1952 em finas encadernações da Gráfica Editora Brasileira Ltda. que me parecem que eram vendidas e entregues de casa em casa como fez nos anos 70 o Círculo do Livro então ligado à Editora Abril. Entre esses exemplares que agora folheio temos autores  como Elizabeth Goudge, Daphne Rooke,Thomas B.Costain e François Mauriac. Já ouviram falar de alguns desses ? pois é... parece que mais legal que a descoberta de livros que não conhecemos é a descoberta de autores soterrados pelo pó das estantes. Ao abrirmos os livros e darmos de cara com o que escreveram literalmente damos vida aos seus escritos como reza a velha premissa clichê. Óbvio mas gratificante. Uma singela e inusitada aventura na era dos gadgets inclusive virtuais. E, a propósito, estou adorando "0 Aventureiro" publicado aqui em 1952. Ressuscito-o 60 anos depois e prometo voltar a ele quando concluir a leitura desse romance remoto. 

Comentários

Meu caro Ricardo
Era moleque quando caiu em minhas mãos O Egípcio. E graças a esse livro passei a gostar de História. Recentemente, encontrei "O Etrusco" do mesmo Mika numa banca-sebo de jornal diante de um ponto de ônibus no Guarujá. Espero que ele me agrade tanto quanto "O Egípcio".

Grande abraço do seu sempre leitor

Georges Bourdoukan
Ricardo Soares disse…
prezado Bourdoukan... sempre um prazer saber que sou lido por vc...quanto ao Mika tem sido uma bela descoberta tardia mesmo ...vou atrás do Etrusco... e vc leu "O Aventureiro"... tem a sua cara... abraço e ótimo 2012 pra vc
Não li "O Aventureiro", mas vou atras dele. Acho admirável a sua luta para salvar o pouco de verde que resta na Granja Vianna.
Novo abraço e que 2012 passe longe do Calendário Maia.

Bourdoukan

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