Raul Seixas :agora, o oposto do que disseram antes

          
   Fui ver ontem o filme/documentário "Raul - O início, o fim e o meio"de Walter Carvalho e a impressão que me deixa é que primordialmente o diretor conseguiu nos transportar a um espírito de época e a circunstâncias únicas sem fazer apologia do passado nem caricaturizar o seu homenageado, o grande Raul Seixas.
     Essas minhas impressões talvez tenham sido reforçadas por conta de que assisti ao filme do lado do meu amigo e diretor de tv Pedro Vieira e de Oswaldo Colibri Vitta, velho companheiro multimídia com quem encontrei casualmente descendo a rua Augusta para assistir ao mesmo filme. Companheiros de geração que riram e se emocionaram ao verem na tela tantas pessoas conhecidas, algumas idas e vividas, que partilharam os mesmos sonhos/ideais de Raul Seixas ou estiveram com ele nas mesmas horas e locais.
      Com simplicidade, inventividade e uma certa ousadia Walter Carvalho construiu um painel da vida e obra de Raul que não fez concessões àquela babaquice vigente que o coloca como o guru dos lumpens e deserdados mas também não o rotula como o "maluco beleza" .No filme de Walter Carvalho cabem muitos Rauls dentro do Raul.Pode-se fizer dele exatamente o oposto do que disseram antes. Essa brecha "metamorfose ambulante" é que deixa o filme fugir do tédio . Também o faz quando coloca na tela "Easy Riders" caboclos na  estrada , covers de Raul , a reviverem os caminhos de Peter Fonda e Dennis Hopper no clássico cinematográfico. E para arrematar tem, abrindo o filme, o sempre bom poeta e escritor Braulio Tavares a declamar um trecho do "Uivo" de Allen Ginsberg cujos signos internos devem ser tão estranhos às gerações X, Y e Z de hoje em dia.
      Enfim, um regozijo o filme do Walter Carvalho. Uma suave viagem sem culpas a um passado recente dando a impressão de que "a gente não morre" como assegura o Paulo Coelho em depoimento . "Raul vive" como creem os seus muitos admiradores e apesar do filme lindo  do Walter Carvalho - do qual só senti a falta do depoimento de Chico Anysio e Jerry Adriani pela importância que tiveram na carreira de Raul- não foi dada ainda a última palavra sobre ele. E nem será preciso. Porque para definir Raul é preciso ,agora, dizer sempre o oposto do que disseram antes. 

Comentários

Dagomir Marquezi disse…
Preciso ver! Ainda que seja meio doloroso.
Ricardo Soares disse…
foi o que pensei Dagô... mas fui ver assim mesmo e não me arrependi...

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