Gabriel , o patrono

      
  Celeumas internéticas costumam ter vida curta. O "agito" do dia será perecível amanhã, salvo raras exceções. Mesmo sabendo disso queria dar uma palavrinha numa celeuma de hoje levantada , entre outros, pelo escritor Marcelo Mirisola no seu Facebook. Ela dá conta que o também escritor ( poeta ?) Fabrício Carpinejar cancelou participação na feira do livro de Bento Gonçalves (RS) quando soube que o Gabriel,o Pensador, levaria um cachê de 170 mil para ser o patrono do evento enquanto ele , Carpinejar,e os demais mortais morderiam apenas 1 milzinho.
  Maldades pulularam aqui e acolá dando conta que o beicinho de Carpinejar foi por conta apenas de que ele é que gostaria de ser o patrono dessa feira do livro em seu estado natal. Mas quem não gostaria por 170 mil ? A questão não é essa nem os méritos (ou deméritos) do Gabriel, o patrono. A questão é até onde uma feira do livro deve ser midiática, marqueteira . Até onde uma feira do livro deve ser confundida com Oktoberfest, uma Fenavinho, ou "uma plataforma popular de shows musicais e apresentações midiáticas" como lembra o próprio Carpinejar na carta onde anuncia sua renúncia ao evento.
   Não vou discutir as pretensões literárias de Gabriel, o escritor.Não simpatizo com ele por motivos muito pessoais. Na Bienal do Livro de 2004 em Sp mediei um encontro dele com o público. Chegou simpático e modesto com seu primeiro livrinho. Alguns anos depois ( não recordo de na Bienal de Sp de 2006 ou 2008) ele , já badalado como escritor, chegou cheio de si e deselegante. Quando lhe lembrei que a certa altura já era hora de encerrar a prosa pois o salão de idéias era rotativo ele , presunçoso, respondeu :
   --- Então você pode ir porque eu vou ficando com eles...
  Não fosse eu o mediador teria mandado o insolente à Belisa Ribeiro que o pariu mas fiquei na minha porque no fundo ele não tem culpa se a mídia nativa paparica qualquer suspiro que celebridade dê.Conheço pouco ou nada do que ele faz como escritor. Mas creio que apesar de Carpinejar ser tão ávido por holofotes quanto Gabriel , o reclamante tem ao menos o mérito de ser do ramo para advogar cachê melhor que o pessoal da organização pretendia oferecer a ele .
   A história em si é mal contada não pelo cancelamento de Carpinejar ou pelos 1 mil que a feira pretende pagar aos escritores convidados mas pelo valor que supostamente pagariam para Gabriel ser o patrono. Alto demais não é não . Fora que Quem quer que fosse o patrono de uma feira como essa ao menos deveria ser escritor em primeiro lugar. E não escritor como circunstância de mercado. Do contrário não seria melhor chamar o empresário Abílio Diniz que também rabiscou mal traçadas em busca de notoriedade e poderia emprestar o slogan do Pão de Açucar para a feira dizendo que ela é lugar de "gente feliz " ? Pelo que se está vendo a feira de Bento Gonçalves em nada aprendeu com a de Passo Fundo, no mesmo Rio Grande, onde em primeiro lugar está a interação entre leitor e escritor.

Comentários

http://bichopreguicaviril.blogspot.com.br/ disse…
pq um feira dessas ñ poderia ser midiática se o resultado poderia colocar os jovens em contato com a leitura ? os tempos são outros, mas mesmo assim considero 170 muito pra isso

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