"Fup", a pata que choca a imaginação


      
   Livros perfeitos podem ser curtinhos ou tijolaços. Quanto mais envelheço nessa mania saudável da leitura mais constato que a perfeição literária independe do tamanho do texto. É a consistência do recado, por assim dizer, que faz toda a diferença.
         A conclusão vem com força quando considero aqui comentar um livrinho que há muitos anos ensaiava ler e que só nessa tarde  chuvosa de sexta eu li. Trata-se de "Fup" de Jim Dodge que persegui anos em edição antiga com um patinho na capa  e que só recentemente adquiri em nova edição (capa acima) dentro da coleção "sabor literário" da José Olympio Editora com prefácio do Marçal Aquino. Aliás mesmo essa nova edição (2007) não é fácil de achar.
       No prefácio o Marçal avisa que após ler "Fup" a gente sente vontade imediatamente de se inscrever numa espécie de imaginário fã clube do livro que, imagino, deva se espalhar pelos cantos do planeta. "Fup" é bom demais , com o perdão da pueril afirmação nada específica. Posso tentar explicar dizendo que é "bom demais" porque é simples demais, bem construído demais, poético até o limite do derramamento visceral, sem uma única concessão a pieguice.
     Os personagens principais ( o velho Jake, seu neto Miúdo , a impagável pata FUP e um gigantesco porco do mato chamado Cerra -Dente)  são tão bem delineados e se entrelaçam com tal naturalidade no meio do relato nada pretensioso que parecem ter sido planejados anos a fio antes que o autor tivesse colocado sua idéia no papel.
     Dizer que "Fup" é uma fábula seria cascata. Uma parábola seria impreciso. Talvez esteja mais perto de uma curta, inusitada e direta história de amor entre homens de gerações distintas e os animais em volta, inclusive a enorme pata Fup, marrenta, tinhosa e cheia de personalidade. E mais não digo . Não faça como eu que demorei tanto pra ler "Fup". Corra e ache, corra e compre, corra e leia. 

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