Persigo São Paulo no dia da eleição




    Como cantava o saudoso Itamar Assumpção “eu persigo São Paulo, São Paulo sou eu”. Sou eu, é você , somos milhões. Com toda essa ziquizira esfuziante, esse caos de insegurança e de ternura, toda essa superpopulação, toda essa feiura estampada em avenidas áridas e pessoas inconstantes, toda essa fobia social e essa necessidade de aproximação eu persigo São Paulo.
   Persigo São Paulo mais ainda não quando a garoa não cai ou a cordialidade evapora. Persigo quando uma eleição se aproxima . E sobretudo se é uma eleição pra prefeito aí é que persigo São Paulo. Onde é que nossa cidade se esconde entre tantas promessas inócuas e discursos vazios ? Onde está essa cidade estatística , esses números que na verdade são carne e ossos acumulados em vagões e ônibus espremidos ? Onde é que essa São Paulo múltipla se estampa ? Onde ela desabilita a carranca e ainda consegue um suspiro de otimismo ?
   Sim, persigo São Paulo quando vejo a cara de todos eles que querem cuidar da nossa cidade. Na cara de nenhum deles vejo um compromisso verdadeiro, uma intenção sincera, uma real vontade de mudar. É triste ver que por trás do sorriso tem compromisso de cargos, distribuição de cotas, salários , benefícios. Triste constatar que por trás de qualquer aperto de mão eleitoreiro eles estão a fortalecer alianças não conosco mas com os de sempre. Alianças que nos colocarão em um torniquete de uma cidade cada vez mais inviável.
   E por que tenho a certeza de que a cidade que eu vivo a perseguir é inviável ? Simples. Porque em nenhum deles, os candidatos,  há uma mudança radical de postura, em nenhum deles há uma quebra de paradigma ou o enfrentamento real dos paradoxos. Nós perseguimos a cidade e eles nos perseguem pedindo o voto. Perseguimos São Paulo e São Paulo somos nós. Daí que longe de pregar o voto nulo eu tenho que pregar o voto desalento. Como perseguir uma cidade melhor se nossa única opção é votar no menos pior ?  

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