Dez anos, hoje...

      
     Vou avisando.Provavelmente esse será um post cheio de sentimentalismos baratos e clichês. Provavelmente eu vá me expor mais do que deveria, provavelmente serei saudosista, estarei em busca de mim mesmo e dos outros. Mas assim é se lhe parece conforme a cartilha de Pirandello. Fato é que nessa tarde em que vos escrevo completo dez anos na casa onde vivo, pensada e imaginada para ser um refúgio ambiental bem próximo de São Paulo.
      Eu vinha de minha longa jornada noite adentro com passagens por Cunha, Boa Vista, capital de Roraima, Venezuela e a mineira Serra do Cipó. Tinha saído há cinco meses de um casamento de mais de 20 anos  e imaginava que alugar de um amigo uma casa na Granja Viana seria um bom unguento pras minhas feridas. Fui ficando, me acostumando e um ano depois comprei a casa onde vivo desde então passando por aqui momentos muito mais felizes que infelizes. E ( lá vem o clichê!) aqui é meu porto seguro e também inseguro.
      Nesses dez anos me isolei de São Paulo e de muitos amigos e outros nem tão amigos. Passei por montanhas russas existenciais e vi o verde que deveria continuar existindo no entorno da Granja ser dizimado pela especulação imobiliária, corrupção, prefeitos incompetentes de Cotia e de Carapicuíba e sobretudo pela ganância e predação do grupo Alphaville que detonou a maior área verde da região, destruindo topo de morro, corredor de fauna e cometendo outros inúmeros crimes ambientais pelos quais jamais foram responsabilizados sobretudo pela má vontade do pior secretário ambiental que o estado de São Paulo já teve :o  nefasto Xico Graziano. Ajudei a fundar o Movimento de Defesa da Granja Viana que teve no início ações muito mais assertivas e hoje mais dissertativas.Por isso me afastei como me afastei e me afasto cada vez mais de quem fui.
      Nesse quatro de dezembro de 2012, dez anos após minha chegada o tempo mormacento é o mesmo mas a jardinagem mudou. A da própria casa e a minha.  Queria um tráfego menos caótico pela rodovia Raposo Tavares até São Paulo. Queria vizinhos menos individualistas e respeitosos com o verde. Queria menos comércio e horrendas casas de show na avenida São Camilo. Mas não queria estar no alto de um apartamento com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar. Estou nesse meu pequeno vale cercado pelas circunstâncias, meus cachorros , algum verde e uma bela mulher que me tolera. Estou brotando de novo. Há dez anos, hoje, eu recomeçava. Suponho que dez anos depois continuo a recomeçar. E isso,como queiram, talvez seja tropeçar ou viver. Chamem como quiserem. Sou saudosista sim, mas também prezo meu presente. Ele não existiria assim , com erros e acertos, se há 10 anos eu não tivesse aqui aportado.

Comentários

Andrea disse…
Linda a sua casa, ou melhor LAR na mais completa acepção da palavra. Tanta gente vive em casas sem saber o que é um lar e poucos tem esse privilégio. Parabéns e que venha mais 10 e 10 e 10...

bjo querido
andrea
Patrícia disse…
Te tolero, mas você também me tolera... e é uma tolerância bem gostosa! rs É isso aí, o ponteiro gira e é só aprender a lição que o Universo libera, passa para o próximo tema, e a vida segue: nesta ou em outra casa, cada vez mais pronto para os aprendizados, cada vez mais preparado para jogar fora os pesos que não te interessam. R - E - N - O - V - A - Ç - Ã – O! E casa que faz aniversário precisa de roupa nova, agora é dar sequência ao amarelo que pintou a cerca e arregalou o jardim pra lembrar que ali é lugar de gente feliz (como aqueles seus amigos da família Diniz) hehehe TE AMO!
Ricardo Soares disse…
Patrícia( lindeza) todos os dias as cercas tem que ser pintadas de amarelo...fico feliz que vc esteja me ajudando nisso...o futuro é o que interessa mas nossos defeitos também resultam do passado... e vamos em frente...também te amo e o grande desafio é a busca da felicidade... nessa ou em outra casa...bjs
Edu Campos disse…
Linda casa ! Lindo texto !
Boa sorte e bons dias a você, à amada, aos cães e à tão judiada Granja Viana.

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