o elogio da desmemória paulistana

     


    Olhar o vale do Anhangabaú no inicio dos anos 60 , como na foto acima, é mirar o "era uma vez uma cidade sem memória", uma cidade que insiste em apagar os vestígios de sua própria história. Uma cidade que não está a nos rebocar nem nessa paisagem antiga do extinto "buraco do Ademar". Muito existe de discussão ( e pouco de preposição e ação) acerca da destruição da memória visual ( não só ela) em São Paulo preocupada em garantir sempre lugar na paisagem para os hediondos shopping- centers , condomínios de classe média e centros de lazer. Que se lixe o espaço humanizado de convivência, a rua, as pessoas, os pedestres.    
   Todos os dias se faz o elogio da civilidade e a cidade afunda na desmemória de tempos mais bonitos e mais cordiais. Não farei o elogio ao desalento nesse começo de tarde ainda mais porque redijo essas mal traçadas desde o Rio de Janeiro. Mas é que por aqui, por mais que também destruam a paisagem, quando vejo da janela do trabalho os arcos da Lapa me certifico que continuo a crer que os cariocas amam mais sua cidade do que os paulistanos.

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