FESTIVAL DE BRASÍLIA E OS SEUS PARADOXOS

       Talvez o título desse post seja inapropriado porque os paradoxos não são do Festival de Brasília, encerrado ontem, mas do cinema nacional.  O que se viu no Festival talvez seja apenas um retrato do que ocorre na realidade do audiovisual brazuca e essa percepção, evidente, que é subjetiva. A saber : enquanto novos cineastas espalhados nos quatro cantos do país buscam (estou generalizando) invenção, inquietação, novas formas narrativas, novas percepções e novos focos, muitos dos cineastas veteranos calçaram as sandálias da resignação, vestiram-se do cuequismo de mercado buscando financiamento público e privado para narrativas inócuas, anacrônicas , macarrônicas e influenciadas pela estética novelinha das nove da Rede Globo que despeja no mercado uma enorme quantidade de tranqueiras sem a menor relevância.
          Acompanhei mal e porcamente essa edição  46 do Festival de Brasília , realizada no belo e reformado cine Brasília. Mas do pouco que vi e li a respeito faz com que eu creia cada vez mais na premissa acima. Veteranos produzindo cinema pseudo-ideológico anacrônico , alguns com um pueril viés ideológico panfletário ,e jovens em busca de holofotes buscando a invenção. Isso prova que nem tudo está perdido no cinema nacional. Prova foi a premiação de melhor curta para  "Contos da Maré" rodado na famosa e perigosa favela de mesmo nome . O filme revela , exala humanismo ao mostrar corações e mentes dos anônimos que lá vivem enredados numa divertida mistura entre verdade e mentira a respeito de "causos" entre o sobrenatural e o bizarro que permeiam o consciente e o inconsciente coletivo daquela comunidade. A lamentar a quase impossibilidade de filmes curtos como esse chegaram ao grande público.  Tomara que essa realidade seja revertida um dia.

Comentários

Postagens mais visitadas