ELKE MARAVILHA VIRA PURPURINA

      


    A morte, a "Indesejada das gentes", como a chamava o poeta Manuel Bandeira, chegou no mesmo dia para dois personagens diametralmente opostos no imaginário brasileiro. O primeiro deles,centenário e abjeto,foi João Havelange cujo nome virou sinônimo de empáfia , antipatia, arrogância, prepotência,vaidade e , lógico, corrupção superlativa. Não vou embarcar nessa de transformar todo morto em santo mas também não perco mais uma linha em falar nessa triste criatura que tanto mal fez ao futebol mundial. 
   Prefiro aqui lembrar  de Elke Maravilha, sinônimo de alegria, simpatia, descontração, ousadia, ícone da cultura de massa e que fez muita gente pensar. Foi pioneira comportamental, foi drag queen antes de todas as drags, foi musa dos gays, dos descolados, símbolo libertário em épocas bicudas. Perder Elke, ainda nova aos 71 anos, é ruim num país careta, enfezado e escroto que se forma sob as nuvens de um governo espúrio e vampiresco da corja em volta de Temer.
     Em curto período entre 2008 e 2010 fui vizinho de Elke no bairro do Leme (Rio)e algumas vezes a vi desfilar ( literalmente) pelas ruas distribuindo seu sorrisão, sua simpatia e chamando a todos de "criança". Por essa época acabei pegando um dia uma ponte -aérea com ela e embarcado no papo agradável descobri o que intuía e muitos falavam : era uma mulher culta, articulada, perfeitamente ciente do papel que representava no cenário pop nacional.  
    A tal "indesejada das gentes" , perdão mesmo pelo raciocínio politicamente incorreto, deveria ter trocado  o bilhete de embarque de Elke pelo de Havelange. A musa é que deveria virar centenária pois nos traria muito mais alegria ao país , agora tão precisado, do que o lamentável pseudo-fidalgo que envergonhou a nação.

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