O menino que enxergava coisas


Ainda existem gavetas. Mas, mais ainda, gavetas virtuais que quando abertas nos decepcionam, surpreendem ou então não temos opinião formada a respeito. Esse o caso de um original de um livro infanto-juvenil concluído há 15 anos e jamais publicado embora eu o considere melhor do que outros meus já publicados. Na verdade sequer sei se é um livro infanto- juvenil ou uma fábula para todas as idades. Esse rótulo ( infanto - juvenil) que o mercado impôs é muito limitador. Uma boa história pode ser lida, afinal, por todas as idades... mas, pelo sim , pelo não vocês teriam interesse em ler algo que começasse mais ou menos como está escrito abaixo ?
   

 (...)Era uma vez um menino chamado Assis que enxergava coisas que os outros meninos não viam.Assis via bichos estranhos e bonitos todos os dias e enxergava anjos de asas coloridas e cabelos amarelos que quando abriam a boca mostravam dentes sujos de chocolate.Eram anjos com cheiro de doce,sorvete,pipoca quentinha.Anjos coloridos.Assis também via estrelas onde os outros não viam e sentia que seu ombro de menino era sempre tocado por mãos que não eram desse mundo.Mas Assis não tinha medo dessas mãos porque elas eram sempre leves e macias,mãos que faziam carinho e que nada pediam. Pelo contrário,eram mãos que anunciavam a chegada de presentes.Porque todas as vezes que estas mãos tocavam os ombros de Assis era sinal de que ele ia ouvir músicas lindas.Músicas que depois ele guardava na cabeça e passava a assobiar para os outros.Todas estas coisas que ele via e sentia na verdade eram um segredo. Desde cedo ele aprendeu a não repartir estes segredos com ninguém porque senão iam achar que ele era maluco.E maluco Assis não era.Na verdade tinha seu mundo normal,igualzinho ao de todo mundo. Mas também tinha um mundo que era só seu,cheio desses bichos,anjos e pessoas que ninguém via.Muitas destas pessoas,bichos e anjos tinham nomes. Outras não.Algumas conversavam normalmente.Outras não.Falavam uma língua própria,cheia de palavras estranhas que na verdade só o Assis conhecia. (...)

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