Mini contos, Guaxupé

Teatro Municipal de Guaxupé_MG

     (O inesquecível Joel Silveira escreveu um livro chamado"Tempo de Contar". Talvez o meu tempo de contar tenha chegado cedo , mas vou contar. Com esse tequinho de um tijolo maior que estou cometendo volto ao tempo numa espiral que se iniciou esse ano onde revejo amizades e relações de 40 anos passados e que tem ainda muito a me dizer hoje)

    "Em 1979 com Aderval , parceiro  de beberagem e afinidades, ganhei um concurso nacional de mini contos em Guaxupé, sul de Minas. O formato da competição era inusual, criativo. Tinha que se competir com  um texto de até 20 linhas na fase semifinal. Centenas de candidatos e candidatas se inscreveram.  Decididos  os 10 finalistas o vencedor seria escolhido numa competição ao vivo no teatro da cidade onde atores deveriam representar os textos selecionados.
   Lá fui eu pra Guaxupé com pouca bagagem e com  o bom ator e declamador Aderval. Pelo que me lembre a organização do festival não pagava hospedagem e dormimos na praça da cidade na noite anterior a competição. Noite seguinte, em frangalhos mas dispostos, partimos para o teatro lotado e levamos o primeiro lugar com meu texto “31 de dezembro : mas não faz mal, foi só o tempo que passou” que mereceu o prêmio muito mais pela interpretação do Aderval que pelos méritos próprios. Era uma graninha irrisória e um trofeúzinho tosco mas ficamos muito felizes.

   A personagem do conto era uma tal Maria Auxiliadora que acabou por encantar um próspero fazendeiro local que resolveu bancar a nossa hospedagem na noite da vitória. Também pagou o nosso jantar acompanhado de toda a trupe do concurso e ainda convidou a mim e ao Aderval para encenarmos sua peça inédita nos meses seguintes, projeto que evidentemente não resistiu ao nosso primeiro pileque coletivo.Histórias como essa fizeram com que eu começasse a ver a palavra e a literatura sob outro prisma.  Menos sério, menos denso, mais divertido".

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