Perdido no Perequê

Praia do Perequê, Guarujá, Sp        
         Perdi a hora de entregar aquele livro de crônicas a tempo como perdi a hora de ter pedido perdão pelas deseducações com uma tia falecida. Perdi a hora do trem que leva de Barcelona para Figueras e perdi o sono em uma praia capixaba. Perdi a cabeça numa reunião de trabalho e perdi um documento dentro do cine Olido depois de ver o filme “Isto é Pelé” , talvez no ano de 1975.
        Perdi a hora e perdi empregos, perdi pronomes, advérbios, considerações desnecessárias, perdi cisnes de feltro e marcadores de livro , perdi anotações dentro de um baú de laca e perdi flores secas que trouxe de um domingo de Ramos na igreja de Madeleine em Paris. Perdi o ponto da poda, perdi a sincronia do gole, o esboço de uma peça de teatro, fotografias da minha mãe de maiô na praia do Perequê.

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