Escola sem partido e com burrice

(publicado originalmente no DOM TOTAL.(clique aqui)

Toda segunda- feira nossa combalida "alma brasilis"  busca entre frestas do desalento notícias animadoras no meio desse aluvião de retrocessos, corrupção, violência. É como se quiséssemos entregar a nós mesmos pérolas em meio aos porcos, flores no meio do chiqueiro que virou a política nacional. Assim sendo me justifico para entrar na dura realidade.

E os dias bicudos seguem com uma ameaça  talvez ainda não devidamente observada pelos formadores de opinião que é uma comissão especial da nossa hedionda Câmara dos Deputados que pode aprovar nos próximos dias o lamentável projeto da "escola sem partido" uma das bandeiras da bancada "evanjegue" e demais conservadores que parte do pressuposto de que as escolas do Brasil são células de formação de guerrilheiros bolivarianos.

Esses obscuros senhores saídos das trevas do tempo e das sombras da ignorância querem que as cartilhas nas salas de aula rezem pelos seus credos ultrapassados e não fomentem a liberdade de pensamento e livre expressão que são garantidos pela constituição.

O Ministério Público já deu mostras contrárias a esse absurdo mas estamos mais do que nunca na era do orai e vigiai e é preciso que se atente que se um projeto como esses passar voltamos - de maneira pedagógica e oficial - a um patamar de atraso que supúnhamos ter sido superado. Nada estranho num país onde parece inclusive haver estupefação com a real face do regime de 64 -brutal, assassino e covarde- que voltou à baila com a revelação da CIA que o general "Alemão" não era tão adepto da abertura lenta e gradual conforme imaginava a vã filosofia de quem pintou o período como uma ingênua aquarela. Aqui  ,não se iludam, a terra é bruta e é preciso se lembrar disso para afugentar horrores como a tal "escola sem partido".

Ricardo Soares é diretor de tv, escritor, roteirista e jornalista. Publicou 8 livros, dirigiu 12 documentários. Escreve às segundas e quintas para o DOM TOTAL.