Tão rendida e tão rasteira

republicação da crônica do DOM TOTAL . (clique aqui)
Há um mirante lindo em um ponto bem alto do Rio de Janeiro. Dali o Cristo me vê de perto e posso piscar o olho pra ele e perguntar por São Francisco. É dando que se recebe o afeto que nos encerra e vejo com os olhos embaçados os movimentos da maré. Os peixes tropicais migraram do Arpoador e por ali resistentes aplaudem efusivos o poente.
O sol bate nas moleiras e de pronto imagino corsários a sangrar jesuítas nas areias de Copacabana. Os anos se empilharam nos porões e entre fantasmas com escorbuto ainda ouço as tosses dos tementes  a Deus. A poesia aqui não foi inventada e o suor escorre rumo ao extinto Morro do Castelo. Vejo meus antepassados em tempos nublados e quero que fiquem livre dos pecados para que eu tenha um futuro melhor. Cansei de pagar penitências antigas, penitências que não são minhas.
Em que porto chegarão as novas caravelas eu nem sei. Mas espero que firmem âncoras sem cracas para sedimentar uma nova civilização brasileira não essa  tão pequena, tão rendida, tão rasteira .

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