HADDAD , O MELHOR DA FERROVIA


(republicação da crônica publicada no DOM TOTAL... (clique aqui)
Chegou a hora da minha geração disputar o poder central . Confesso que estou decepcionado com a representatividade dela visto que estão no páreo Bolsonaro e ,à cabeceira do seu leito de enfermo, Fernando Haddad e Ciro Gomes. Mas é o que temos .
Deixei de achar faz tempo que minha geração seria diferente no poder desde  que vi o então “mauricinho” e hoje golpista empedernido Aécio Neves tentar faturar prestígio político ao redor do cadáver do avô Tancredo ali no INCOR , Sp em 1985 quando eu era um dos muitos repórteres que lá estavam para cobrir a agonia e êxtase do presidente que foi sem nunca ter sido.
Ali já achei Aécio um provecto e lhe dediquei até uma crônica com esse nome publicada no extinto “Jornal da Tarde”. Tolo eu imaginava que políticos mais jovens poderiam levar frescor e renovação à política mas o que se vê- geração vai, geração vem- é mais do mesmo. Velhos costumes, más impressões, pensamentos imperfeitos, a mesma liturgia com bolor, os mesmos discursos, hábitos, gravatas e bravatas. Minha geração chega à disputa do cargo máximo da nação como um verso de pé quebrado. Incorporo isso como um fracasso também pessoal  e não só geracional.
Nenhum dos candidatos representa nem de longe  um sopro de frescor ou juventude como o nada velho  uruguaio Pepe Mujica que tantos admiram mas ninguém copia. Nem os gestos e nem as palavras. Os postulantes da minha geração preferem seguir passos sem riscos, velhos movimentos das mesmas danças. E  nada arriscam em novas coreografias. De todos o pior, o mais nefasto, o mais daninho e odioso é Jair  Bolsonaro um político do baixíssimo clero que ascendeu a candidato presidencial sem nunca ter feito nada de útil ao país nem ao seu combalido estado do Rio de Janeiro .É um Frankenstein nazista que atrai votos de ressentidos e iletrados ou mesmo daqueles que se sentem traídos pelo projeto petista de poder.
Bolsonaro é uma medonha  ficção de terror que nos assombra e angustia e a alternativa  geracional que resta é Ciro e Haddad. Trabalhei com ambos. Do primeiro não falarei uma linha a favor porque parto da premissa que não pagou pelos meus serviços. Não conheço ser humano que seja generoso com quem o caloteia. Do segundo tenho muitas coisas boas a dizer a começar que foi um bom prefeito de São Paulo  apesar de ter comunicado muito mal  os seus feitos. Quando tentou fazer isso – na campanha eleitoral de 2016  que perdeu para Dória- não deu mais tempo além de ter sido vítima do feroz antipetismo que tomou conta da mídia como um todo.
Acho Haddad frágil em muitos aspectos e imerso numa certa vaidade acadêmica que às vezes nubla a percepção dos fatos. Mas acho que foi o prefeito que São Paulo merecia ter tido há muito mais tempo para corrigir tantas distorções de uma metrópole desumana largada de novo à própria sorte  nessa  gestão Dória-Bruno Covas.
Outro dia, conversando com um amigo, concordamos que uma boa maneira de conhecer as pessoas é trabalhando com elas e por elas. No caso trabalhei por Haddad muito pouco mas o suficiente para lhe dar um voto de confiança e torcer para que leve de novo o trem aos trilhos  para fazer aqui uso de uma surrada metáfora ferroviária.  Se chegou a hora da minha geração alcançar o poder máximo que seja via Haddad que é o melhor que temos diante de um cardápio tão desidratado.

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