Tempo de corações secos

Respiro com dificuldade porque o ar está seco em Goiânia onde esbarro em palavras não jogadas ao vento, palavras sem documento que procuram lógica e razão  no tempo dos ditos e desditos. Caprichos e relaxos do destino nos levam a um desfiladeiro eleitoral onde não enxergo nada além de abismos. Andamos tanto pra chegar aqui ? é isso mesmo?
Difícil peneirar no horizonte algo que esbarre em esperança, alento , acolhimento e aí toda palavra endereçada a amigos e entes queridos tem que conter um enorme esforço para se tornar mais doce diante de tantos dias amargos.
São tempos de corações tão secos que os monstros babam fora dos armários, rugem, espremem espinhas na nossa cara. A morte é festejada  em máximos descasos como o caso da policial que quer ser eleita deputada após ter matado um bandido e ter sido coroada heroína.
Não são apenas bichos que entram em extinção num planeta em mutação. Os sentimentos se extinguem e se mesclam ao clima e por mais que eu tente puxar ar fresco para os pulmões sinto é que os corações estão secos, amordaçados, tristemente enfileirados dentro de um calabouço . Ou seria dentro do porão de um navio à deriva? Só pode estar vindo mesmo um tempo de grandes tempestades porque só após elas passarem é que poderemos sonhar com as bonanças.
Republicação da crônica do DOM TOTAL.(clique aqui)

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