APESAR DELES OS SONHOS SEGUEM

by Alexander Daniloff

APESAR DELES OS SONHOS SEGUEM

     Há quase 55 anos uma turba de militares tomou o poder à força e deu ao golpe o nome de revolução. Revolucionaram  para trás o país dando nenhuma prioridade a educação e ao humanismo e toda a força ao consumo, desenvolvimentismo, e ao conceito torpe e simplista de "Deus , pátria e família". Torturaram , mataram , roubaram e conseguiram fazer colar a tese de que na "ditadura não se roubava" como se não tivessem acontecido , por exemplo, "desvios" na construção da ponte Rio -Niterói ou na Transamazônica dois dos símbolos desse tal "Brasil grande" que nos enfiaram goela abaixo durante 21 longos anos.

         Depois deles tivemos nossos erros e acertos democráticos ( ou nem tanto) que passaram por Sarney, Collor, Itamar , FHC, Lula e Dilma até desembocarmos na coisa pestilenta, golpista e cara de pau  de Michel Temer, o pseudo-presidente mais impopular de nossa história.

         E por falar em nossa história demos as costas a ela e agora voltamos a ter no poder - pelo voto !- uma turba de militares néscios, torpes , desenvolvimentistas com o mesmo conceito fascistóide de "Deus, pátria e família". A partir de amanhã essa malta aliada ao que de pior existe - evanjegues fundamentalistas, o pior do capital internacional, donos da mídia  e quejandos - estará no primeiro escalão a soltar caneta e verbo para nos desgovernar. Apenas 55 anos depois colocamos de onde foram tirados mais dos mesmos. Mas juro que isso não vai me abalar e nem deve nos abalar enquanto coletivo nacional que não escolheu esse estado de coisas. Vou continuar desejando feliz ano novo a todos , ainda mais no ano que entro na minha envelhescência. Quero ter sim muito mais de 60 motivos para  não largar a mão de ninguém , para continuar sonhando e lutando por um país mais justo e solidário. A resistência será dura e a tal dita deles não será branda. E apesar deles não deixaremos se sonhar sonhos felizes de cidades. Eles não me representam mas não vamos dormir com o ano que vem na cabeça acreditando que ele será uma sucessão de pesadelos. Piegas ou não os sonhos também são uma construção coletiva.  E nisso eu sigo acreditando.