OS TOMBOS DAS GERAÇÕES

    


    Quando me vejo refém de certa vitimização (inconsciente ?) em relação a geração a que pertenço me lembro de uma frase do político,ativista e escritor Alfredo Sirkis que disse no prefácio de uma edição comemorativa de 18 anos do seu "Os Carbonários": "Não somos nem a primeira nem a última geração à qual a história pregou uma peça desconcertante". Assim é se lhe parece.
    Parte da geração de Sirkis (nascido em 1950)enveredou pela luta armada contra o golpe de 64 e viu o desmoronamento do tal "socialismo real" pelo qual tantos tombaram. Não houve meio termo e nem transição e as utopias da geração 68 se converteram nas distopias do capitalismo McDonald's, globalizante e reducionista que todos os dias precisa de toneladas de oferendas ao deus mercado. 
    Penso então nisso quando me sinto um "coitadinho"que perto de fazer 60 anos vê todos os sonhos de sua geração(uma depois da de Sirkis)desmoronarem diante de uma realidade brasileira e mundial tão impregnada de ódio, rancor e preconceito. Nasci sob a égide de JK, farei 60 sob o manto obscuro do fascista Bolsonaro. Vitimização ou não não é fácil não.
     Além dos meus inimigos estarem no poder vejo a minha turma infeliz, sem rumo , gente acumulando rugas, barriguinhas e calvície rumo a uma aposentadoria que não queria se agarrando às miúdas utopias como náufragos fariam no meio de uma tsunami. Só que aí volta em marolas a observação do Sirkis : "Não somos nem a primeira nem a última geração à qual a história pregou uma peça desconcertante". Assim a inevitável pergunta que surge é : seguir lutando ou ir aos poucos simplesmente adernando ?

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