TIRAR PARA DANÇAR

(Reproduzo aqui a crônica originalmente publicada no DOM TOTAL...   (clique aqui) Até que ponto não tirar para dançar pode nos prejudicar ?)
     Aí  é fácil imaginar. Não danço mas gostaria de dançar. E vou indo devagar porque meu caminho você foi atravessar. Um sorriso de canto de olho, um leve resfolegar, uma esperança infinda nas crianças que você educa e vai sempre educar. Por isso, te tirar para dançar...
Baixo a minha guarda e penso que ainda posso te reencontrar diante de um relógio de praça, defronte a uma igreja matriz, sentado  ao lado de uma mesa, tomando cerveja , comendo bolinhos de bacalhau e imaginando um futuro sem sal, pois o sal da Córsega cola nas minhas costas e não há huile seche que eu passe que dê conta de tanto ressecamento. O acontecimento agora é o medo de amar, o medo do radar, de romper a própria velocidade das minhas emendas, das minhas matrizes, das minhas oferendas a um deus do rapé, da ayahuasca, da umbanda com três generais da banda, que contornam o coreto e me enchem de ginga, e com ela eu me abraço e, enfim, não sei se te tiro para dançar. Eu não sei ir devagar.
Assim  nada do que eu fui vai continuar sendo. Já espirro e grito sem me preocupar com quem está em volta. Sem capricho , sem recato. Chega um tempo, mesmo que tardio, que a gente dança acompanhando a música. Sem preocupação com o ritmo. Mas, cadê coragem? Ela falta até para tirar você para dançar.

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