A VISÃO DO PARAÍSO ESTÁ PERDIDA

Republicação de crônica do DOM TOTAL... (CLIQUE AQUI)
Visão do Paraíso. A essa altura nada mais surreal do esse título de um velho clássico de Sérgio Buarque de Holanda, que tenta decifrar os mistérios de um Brasil adentro entre entradas e bandeiras, bandeirantes sedentos por ouro e sangue. É um enorme ensaio sobre o imaginário do colonizador da América que se inicia nos primeiros contatos realizados pelos “desbravadores” portugueses e espanhóis com o nosso continente e chegam até o século 16. O livro, de certa forma, inaugura um ciclo de ensaios sobre esse Brasil e esse continente idealizado e foi editado pela primeira vez em 1959, ano em que nasci.
Bom, desse 1959 já longínquo até hoje ainda não foi possível para os brasileiros sequer começarem a desvendar o que os primeiros colonizadores aqui queriam e aqui buscavam. Nossa “civilização” – se é que podemos hoje chamar assim – não só nada entendeu do pirão do Sergio Buarque como adotou todos os maus hábitos e costumes de colonizadores predadores como o flagrante racismo estrutural e o desrespeito a todos os direitos de minorias aí incluindo os pobres evidentemente.
O nosso “paraíso” segue confinado mas ainda sendo vendido pelas agências de turismo de massa como a terra das mulatas fáceis, das bundas muitas, das caipirinhas geladas em praias lindas, do carnaval, samba, suor e cachaça. E até essa visão de paraíso idealizada tem sido solapada por um desgoverno de uma cafajestice superlativa que normatiza racismo, homofobia, detona índios, minorias, sem tetos e sem terras, destrói o meio ambiente, cospe na democracia, enterra a soberania. Representa tudo o que há de pior esse enxame de pessoas nefastas agrupadas atrás de belicosos e evangélicos fundamentalistas irados que não sabem que o estado é laico e tem uma interpretação estapafúrdia da Bíblia.
O nosso desafio diário como cidadãos e como nação é nos mantermos de pé diante da barbárie, desconfiados de um presidente que se agrupa com elementos que cultuam ódio, rancor e bala como se tivessem todos sido amamentados com fel. Até o partido nacional socialista do abjeto Hitler conseguia ser mais sutil do que essa aberração fascista que se agrupa ao lado de um mandatário que funda um novo partido com logotipo todo feito a base de balas de variados calibres. O horror quanto mais cresce mais nos assusta. Mas tem que motivar a nossa reação. Passou da hora de conter esse absurdo se um dia quisermos de fato o nosso paraíso perdido.

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