O BRASIL É FEITO POR NÓS ? super atual

          "O Brasil é feito por nós ?" é um dos meus livrinhos mais antigos. Digo "livrinho" com carinho e porque é um exemplar do que o mercado catalogou como "infanto-juvenil" , gênero no qual mais publiquei , depois abandonei e que carece, ainda , do prestígio de outros gêneros.

Não é por modéstia mas por sem-graceza  que falo pouco ou nada dos meus livros nesse blog ,nas minhas crônicas para o DOM TOTAL ou nas minhas redes sociais. Às vezes me pergunto os motivos já  outros autores fazem dessas plataformas verdadeiros megafones para os seus trabalhos. As vezes acho porque talvez me considere um autor ilegítimo que sempre deixou a literatura de estepe na vida, talvez não a tenha levado a sério ou talvez simplesmente seja um autor bissexto que é como a crítica cataloga aqueles que publicam pouco ou quase nada. 

Pois bem."O Brasil é feito por nós ?" é um livrinho escrito em 1982 quando eu tinha 23 anos e foi publicado a primeira vez em 1984 pela finada e famosa coleção "Jovens do Mundo Todo" da também quase finada editora Brasiliense que antes de começar sua derrocada vendeu uma edição expressiva com essa capa aí do Miguel Paiva.

Passaram-se quase 10 anos até que eu atendesse a sugestão de uma ex-amiga e levasse o título para a editora Atual que o publicou por anos a fio com essa capa amarela, creio que a primeira edição deles e a segunda do livro foi em 1992.

Aí veio uma nova ortografia e um novo formato gráfico para o livro (na foto que abre o post) que hoje se encontra na vigésima edição. Entre livrinhos e livros meus foi o que mais vendeu rendendo direitos autorais até hoje. E aí que entro finalmente no que interessa. Agora recebi o extrato de dezembro e ele vendeu num mês atípico 211 exemplares dando para a editora a saborosa soma de 10.317,90 e para esse mortal que vos fala 1.031,79 . Ambos as quantias bem razoáveis num mercado saturado de títulos. Ainda mais títulos antigos.

Salvo exceções "O Brasil é feito por nós ?" sempre se comportou bem e me rendeu uns caraminguás. A explicação que me deram uma vez é que se trata de um livro muito mais adotado por professores de História do Brasil (esses que os orangotangos do desgoverno Bozo) do que os de literatura por ser dos poucos dirigidos ao público infanto- juvenil que fala do começo dos anos 70. Especificamente ele transcorre durante a Copa do Mundo , a Copa do tri, em 1970.

O que me espanta e me enche de contentamento é que achei que agora o livro ia ser cerceado, vender menos por conta da nova e triste "ordem" brasileira. Mas parece vender de maneira inalterada. No Google books o definem assim:"O livro conta a história de um garoto de 11 anos que vê o pai perder o emprego, no início da década de 1970. Ao mesmo tempo que passa por dificuldades financeiras em casa, na escola é estimulado a ser patriota, ouvindo slogans como 'O Brasil é feito por nós', 'Brasil, ame-o ou deixe-o' e 'O Brasil merece o nosso amor'. Ele confronta as duas experiências e começa a perceber que a propaganda de um país em crescimento, com espaço para todos, não corresponde ao que acontece na vida de sua família. Tema TransversalÉtica Temas para atividades- História: o cotidiano na década de 1970;- Ética: a propaganda enganosa;- Ética: a solidariedade entre os membros da família".

Generalista porém precisa a definição.Tendo a concordar com ela mesmo olhando com tanto distanciamento um livro escrito na juventude. Sigo escrevendo e sigo bissexto. Agora cismei que na envelhescência levarei a lida , digamos, mais a sério. E vendo a vitalidade e, infelizmente, a atualidade do tema que está em " O Brasil é feito por nós ?" fico achando que talvez seja um recado pra mim mesmo de que persistir é preciso e que a permanência de alguns títulos muitas vezes nada tem a ver com marketing pessoal, divulgação, modismos ou amigos certos nos lugares certos para jogarem confete naquilo que fazemos. "O Brasil é feito por nós?" passa a ser assim meu modesto amuleto de Ogum. Por me animar ainda vai abrir caminho para outros projetos enquanto escrever seguir sendo o que mais gosto de fazer na vida. Independente do bom ou mau juízo que façam daquilo que escrevo.