vou poupá-los

 


vou poupá-los


Vou poupá-los de descargas elétricas / enguias que não somos

Vou poupá-los de luzes e clarões/cemitérios de mamutes/ mistérios nas tundras geladas

Vou poupá-los de justiças indigestas/ literaturas comentadas

Os motivos para uns estarem na frente e outros no fim das manadas

Vou poupá-los de chicletes nos bancos dos cinemas

Das piruetas de palhaços velhos e dos seios flácidos das flácidas contorcionistas

Vou poupá-los dos circos políticos / de leões que rugem sem dentes

E de vários artigos e dos contudos e entrementes

Vou poupá-los da árida paisagem/ marginais interditadas que demoram a nos levar a uma viagem

Vou poupá-los do trânsito e do caótico / do nervo ótico zoado pela poluição

Vou poupá-los da ausência de árvores/ de lençóis freáticos contaminados  e de golfinhos que engasgam plásticos

Vou poupá-los do começo / e do meio / porque do fim já não será possível

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