A VIDA E SEU CORTEJO DE PERDAS

  



A VIDA E SEU CORTEJO DE PERDAS



Por mais que os manuais de autoajuda e os escritores do gênero digam que não devemos ficar olhando para trás , retrovisores voltados para o passado, é inevitável que o façamos e ficar olhando só pra o futuro ou vivendo o presente ignora a matéria essencial da qual somos feitos : nossos passados.

A vida, tragicamente ou não , a certa altura passa a ser um cortejo de perdas. Nossos pais, muitos amigos e amigas, gente que fez parte de nossa trajetória geracional como figuras midiáticas – mesmo que de gosto duvidoso- escritores, atores, atrizes, cineastas, diretores de teatro, atletas, aprendizes de todas as formas de feitiços criativos. A mim dói especialmente a partida dos criativos que vão tornando esse cortejo de perdas um entorno mais minguado para nós que restamos, um universo anódino de mesmices e museus de grandes novidades.

Tem muita gente vendendo joio como trigo, repetindo fórmulas gastas como se novidades fossem e então mais do que passado ou futuro temos que ter o exercício presente da tolerância para não nos convertermos em ranzinzas viscerais e profissionais. Mando na verdade esse recado para mim mesmo e outros porque por mais que eu tente enxergar maravilhas em coisas “novas” que na verdade são requentadas cada vez mais me certifico que “nada será como antes” . É a vida em seu incessante cortejo de perdas.

 

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