AQUI JAZ A RAIVA

 



 AQUI JAZ A RAIVA



O meu pai já morreu há tanto tempo

Que as flores de papel do seu túmulo tardio

Perderam a cor, se dissolveram, também viraram terra



Do pouco que ali visito

Guardo aflito as lembranças hostis de sua raiva

As recordações de represas rompidas

Ameaças que lhe fizeram à beira de um poço

Sonhos de moço que viraram fumaça



Quando e onde,pai, sua vida perdeu graça?

Num cruzamento pelo caminho

Numa trilha de formiga na casa do vizinho

Num fim de curva pequenininho?



Por fim, se a cólera se sobrepôs ao sorriso

A alegria deu lugar ao siso

Fica a pergunta de uma geração para outra

Por que afinal era preciso meu pai ter tanta raiva ?



Ricardo Soares- 11 de abril de 2025

 

 

 

 

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