VHS
VHS (Começo em 7/8/2023)
Eu sei que não vou morrer porque em mim o meu pai segue vivo
e o pai dele segue vivo também, tocado da terra originária por um cavalo baio
que reconhecia o caminho de ida e ainda mais o de volta pelo cheiro. Cavalgou
em direções tão antigas tendo sobre si, na sela, o meu avô, o meu pai e eu
mesmo a tentar contar essas histórias nada imaginárias.
Por tudo isso não morro e não espero. Minha impaciência tem
a velocidade desse tempo onde remonto cacos de vidro , corto as mãos e
reconstruo copos, pratos e talheres de almoços antigos de família onde a sopa
era servida antes, depois a salada e o prato quente e só ganhava sobremesa
aquele que se comportasse à mesa em dias quentes, frios, tenebrosos ou
nublados.
Eu sei que não vou morrer, mas insistem em dizer que morri
ainda mais quando apontam um tumulo simples e sadio, ao rés do chão, quase um
gramado sem adereço onde garantem que
não padeço com a vida eterna ,amém. Diante disso ninguém me desfia rosários ou
se devora de saudade pela minha pessoa, mas parece que pela lápide eu deva ser
lembrado. Mas, como vão lembrar de mim morto se sigo vivo e bem disposto ?
( a história segue contada
em fitas VHS)
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