PAPA Leão XIV atropelou Andy Warhol

 

         Papa Leão XIV atropelou Andy Warhol

 Vivemos sob o signo da velocidade, do tempo perdido, da urgência, dos devaneios consumistas inúteis, mas, paradoxalmente, há dias que mesmo assim se consolidam na nossa memória coletiva. Por exemplo, quem for mais velho, haverá de se lembrar o que fazia no dia e hora que John Lennon foi morto assim como muitos haverão de se recordar o que estavam fazendo quando os aviões detonaram o  World Trade Center naquele fatídico 11 de setembro.

         Ontem, pelo menos para mim e ,talvez, muitos foi um dia como esse . O que faziam vosmecês e onde estavam quando a igreja elegeu o cardeal Prevost como Papa ? Eu estava saindo da belíssima e fundamental exposição de 600 obras de Andy Warhol no museu da Faap em São Paulo na companhia de minha dileta amiga Benvenuta Fernanda Cirenza e me ocorreu que além do fato de estar diante de Warhol pouco antes do anúncio do novo Papa poderia haver entre eles uma imprevista ( ?) ligação. A ligação  de um mundo urgente onde a noticia urgente não pode nos esperar, ela se faz, nos atropela . Sempre um fato novo e momentoso atropelando o fato do dia anterior nessa sucessão de “etcs”  a que somos submetidos todos os dias.

         Papa Leão XIV atropelou Andy Warhol , um artista que vivia do momento, do rótulo, da moda, da cultura pop , da genialidade com futilidade e apesar disso venceu o tempo e o que poderia ser datado para se eternizar.  Dele agora sabemos bastante e pouco sabemos ( ainda) do novo Papa que começa evocando o espírito de sabedoria de Santo Agostinho. Talvez um bom começo na medida em que tanto o Papa Francisco como este , o novo, lembraram-se de dois dos santos mais interessantes da história do catolicismo.  Francisco e Agostinho, que dupla. A que ajudou a atropelar a minha urgência em refletir sobre a exposição de Andy Warhol que São Paulo tem o privilégio de receber.

         Um artista e um homem da religião . Sob o signo da urgência se juntaram pra tornar meu 8 de maio de 2025 um dia memorável e que simbolicamente comemorava os 80 anos da derrota do nazismo na Segunda Guerra Mundial justamente quando os fantasmas da hedionda ideologia hitleriana voltam a assombrar o planeta. Diante disso na minha simbologia particular me fez feliz estar ao lado de homens que evocam a paz, harmonia , arte e fé mesmo que na urgência o novo Papa tenha atropelado o Andy Warhol. Vou lembrar até o fim desse dia 8  de maio quando o religioso passou diante do profano e fico a pensar que prevost daria uma bela tela de Warhol.

Ricardo Soares, 9 de maio de 2025,  7hs 5 min