Síndrome de ex
Pintura do Bosch
Síndrome de ex
Na vida já fui ex-marido,
ex-namorado, ex-amante, ex-fumante, ex-chefe, ex-repórter, ex-filho,
ex-diretor, ex-estudante, ex-jogador de basquete, ex-amigo, ex-professor,
ex-dramaturgo, ex-otimista, ex-esperançoso e tantos outros ex que me deram
dissabores e sabores.
Agora sofro da síndrome
de ex não por apenas lamentar o que se passou
quando me enquadrava nessas categorias alinhavadas acima , mas por tentar achar
a essa altura da vida nichos onde eu não seja apenas e tão somente ex. Típico
mimimi de sexagenário, admito, mas é que diante da tsunami de etarismo que se
espalha por aí é uma reflexão , acredito, mais do que pertinente .
Desnecessário dizer que
nessa faixa etária costumamos acumular conhecimentos e emoções baratas ( e
também caras) que muito ajudariam no desenrolar das vidas e carreiras dos mais novos.
E apesar das corporações e empresas dizerem que olham para os mais velhos sabemos que no
fundo tudo é papo e balela demagógica porque , na prática, esses “conhecimentos”
são sonegados a quem poderia dar e aos que poderiam receber.
É só isso mesmo. Reflexão
miúda de começo de semana quando olho para a estrada e o tempo percorrido e
vejo pouca coisa que ficou e ainda faz sentido, com o perdão da rima . Não
queria , mas como muitos da minha geração , estou sofrendo inexoravelmente da “síndrome de ex”.
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