O MAR, FAMINTO

 




O MAR, FAMINTO

 

Olho o mar barrento e imagino:

quando aqui submergiu seu primeiro menino?

 

Revolto e violento

mar marrento,

quando engoliu o seu primeiro navio?

 

Mar sem costa

mar futuro

quando esculpiu seu próprio muro

o vai e vem da água salgada

a confusão generalizada

dos grandes afundamentos?

 

Olho o mar e imagino

os milhares de moedas que tem engolido

acumulando no seu fundo

fortunas sem sentido

 

Olho o mar e sua maresia

suas tábuas de marés

suas cheias e vazantes

suas luas novas e minguantes

mas não chego a sentir a nostalgia

da terra firme que invade a areia

sempre construindo sem saber

um porto para improvável sereia

 

Ricardo Soares – 25/08/2025

 

 

 

 

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