NÃO POSSO DIZER TUDO QUE QUERO
NÃO POSSO DIZER TUDO QUE QUERO
Uma hora
eu também vou/ carro de boi que não me esperou
Pássaro rubro
amigo que não morrerá comigo
Assim como
o sabiá laranjeira que na manhã de primavera me acorda cantando
Mesmo diante
do protesto da mulher amada
Tenho vontade
de falar e de cuspir
Minha rebeldia
aflora à pele
Vigílias,
angústias e armas de falsos embates
Vejo
praias, caranguejos, navios corroídos, velhos marinheiros sentidos
Há
encalhes de possibilidades nos canais e no istmo
E nunca
pude dizer sempre o que quero
Por isso
não mais espero
Uma hora
eu também vou/o carro de boi não me esperou
Ricardo Soares, 29 de setembro de
2025, 14 e 35 min
Comentários