PORQUE NÃO ENTREI NO DOC SOBRE CHICO ANYSIO

 





PORQUE NÃO ENTREI NO DOC SOBRE CHICO ANYSIO Uma vez, em uma remota entrevista para a finada revista “Status”, o diretor, ator e produtor Daniel Filho disse , sem pestanejar, que enquanto Fernanda Montenegro era nossa “maior” atriz o melhor e “maior” ator era Chico Anysio. Ele poderia ter dito Paulo Autran, Sérgio Cardoso , Othon Bastos ou José Lewgoy. Mas , disse sem pestanejar, que era o Chico. A afirmação não me causou estranhamento, mas confesso que fiquei pensando quais seriam os motivos de não colocarmos comediantes entre nossos maiores atores e atrizes e só pensar naqueles que interpretam papéis dramáticos. Se eu tinha alguma reserva em relação a Daniel Filho essa sua peremptória afirmação me fez crer, definitivamente, que ele sempre entendeu do riscado. Chico Anysio foi o maior mesmo. E isso agora é devidamente resgatado no documentário sobre ele escrito e dirigido por um dos seus filhos, o talentoso Bruno Mazzeo e que se encontra disponível em 5 capítulos na Globo Play ( “Chico Anysio: um homem à procura de um personagem”), inclusive com entrevistas com o citado Daniel Filho , Boni , Carlos Manga e outros “inventores” de nossa televisão. Seria de uma obviedade latejante dizer que Chico foi um gênio, um artista completo, um ponto fora da curva. Foi isso e muito mais e o documentário deixa isso mais que claro. Bruno fez um trabalho a altura do talento de seu pai e eu lamento ( pero no mucho) de ter ficado fora dessa. Me explico : Quando o doc estava em prospecção e realização fui procurado por uma simpática produtora, em nome do Bruno, para saber como poderiam ter acesso a um programa de uma hora que fiz com o Chico para a série “Mundo da Literatura” que foi veiculado há mais de 20 anos na rede Sesc/Senac de televisão e várias emissoras públicas inclusive a extinta TVE do Rio. Dei o caminho das pedras para a autorização, mas parece que a burocracia impediu os realizadores de terem acesso a esse material. Se por um lado lamento por outro lado festejo porque o programa mostrava um Chico amargo, melancólico e ressentido na reta final de sua vida. Se ocupava de vender e comprar cavalos e escrever uma novela para uma emissora latina de Miami. Li um trecho longo no enorme monitor do seu computador que ficava na sala de sua bela casa na Barra da Tijuca. O programa era parte de uma série sobre “literatura e humor” mas Chico estava tão triste e desencantado que consegui convencer a diretoria da tv a dedicar um episódio só a ele. O episódio que cito acreditava não estar disponível na internet até que a produtora que me contatou passou o endereço abaixo que leva apenas a um trecho (porém significativo) do programa. Está ruim de definição , mas dá para ter ideia do que foi a prosa. Sai dela pensativo e cabisbaixo meditando sobre altos e baixos de nossas vidas. O grande Chico sem a graça que sempre teve porém sábio , embora ressentido. Pensando bem , apesar de o meu trabalho ter ficado de fora do doc do Bruno Mazzeo, acho que isso foi mais um ganho do que uma perda. Na dúvida confiram o link que dá pra ter ideia do que foi aquela conversa rodeado ( viva!) de imagens de São Francisco de Assis que ele , como esse que vos escreve , sempre teve adoração. 

 https://www.youtube.com/watch?v=e_WSdIDwXn8

Comentários

Postagens mais visitadas