SENHOR, ESTAREMOS AQUI SEMPRE ?
foto : Eduardo Anizelli
    Senhor,
deus dos desgraçados, dos pardos ,dos miguilins e sacis, dos curupiras e mulas
sem cabeça, dos desnorteados e dos assassinados pelas “forças de segurança”.
Senhor que está na origem de todos os conflitos , mas que também os apazigua.
Senhor que não nos deixa sozinhos , sangrando como porcos , dentro de camburões
, senhor dos terços e novenas, das rezas bravas e dos batismos de fogo e de
sangue, senhor dos altares e das bobinas, dos rios de lágrimas de mães mal paridas
que acham os corpos dos seus filhos em “corguinhos” e buracos no esgoto.
         Senhor deus das ratazanas e dos quatis,
dos imolados e dos maconheiros, dos míopes e dos esfomeados. Sai de dentro de
mim, de ti, de nós todos esses apelos que não truncam as aspirações, esse tanto
de bolacha maizena molhada que impregna o ar com seu cheiro adocicado. 
         A voz dos homens e mulheres que
voltaram à vida é mais forte do que antes, mas não é a primeira vez que isso
acontece. Estão todos acostumados a passar por cima da morte mesmo com o
barulho dos carros e dos caminhões em vias expressas cheias de perigo e tráfico
de drogas.


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